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Ilustrações e Apresentação de O Mágico de Oz

Arnaldo foi convidado pela Editora Antofágica para ilustrar sua edição do livro O Mágico de Oz, de Lyman Frank Baum, lançado há 123 anos. Além das ilustrações da edição, Arnaldo também escreveu sua apresentação. A nova edição de O Mágico de Oz tem tradução de Davi Boaventura e posfácios da escritora e pesquisadora Carol Chiovatto e da escritora, ilustradora e roteirista Janaina Tokitaka.

Entre fadas e travesseiros travessos

por Arnaldo Baptista

Eu sofro de insônia, e entre a insônia e um desenho e outro é que surgiram as pinturas deste livro. O meu horário é assim, noturno — e o livro é como um sonho. Um sonho! Nos leva a um lugar que a gente só vê que imaginou depois que leu. Remete às coisas antigas que a gente ouvia para dormir, crianças e adultos, ao lado da lareira que a gente fantasiava. Lembra as nossas ideias, ideais e sonhos; os entes estapafúrdios que só a gente entende, o folclore do que todo mundo conhece. Me coloco no livro e vou junto: monstros, aventuras, perigos, prazeres, estupefação, todas essas coisas.

Tem coisas inesperadas que acontecem na vida. Começa a ventar o vento, vem um ciclone, depois o cachorrinho Totó voa e vê coisas impossíveis de serem descritas.

Existe a experiência, e existem coisas superiores a isso… E a gente vai levando.

Histórias são muito importantes pra mim: a gente pensa nessas viagens e tenta fazer uma conexão com o nosso conto de fadas. Eu ficava de noite às voltas com a história e pensava: agora vou desenhar isso de acordo com meu sonho, com meu estado e com as coisas que consegui durante o dia e durante a vida. Pouco a pouco, vou criando algo que estabelece um paralelo entre mim e a história contada, e às vezes eu encontro uma fada que me satisfaz. Dormir numa almofada. Uma boa almofada.

Escrevi, há um tempo, uma letra chamada “Memórias de um Travesseiro Travesso”. É a travessura dele no meio de mil camas e lençóis e colchas, e mulheres e homens, e ele vai conseguindo estabelecer uma vida entre sonho e vigília. E eu, passando a história na minha mente, fazia uma comunicação entre o que eu estava lendo e a minha imaginação pra pintar. E às vezes eu conseguia algo frutífero… Além da imaginação! O travesseiro travesso e a fada…

Outro dia pensei que, se a gente tem que dormir 8h30 e o dia tem 24 horas, é um terço da vida sonhando. E aí, andando na rua, vi um cara com uma camiseta: “Viva seu sonho: durma mais”. A mensagem do livro, para mim, é a esperança por um mundo que seja de acordo com nossos sonhos. Ao pintar o mundo de Oz, lembro que tive uma experiência com a morte: senti que ela fugia de mim. Ela se afasta ainda mais quando a gente consegue, aos poucos, fazer coisas que agradam à gente e ao público. E essa foi uma criação que me agradou demais. Pintar o Oz foi ozado. Oz.